Esta definitivamente foi a experiência mais bem sucedida. Depois do sucesso da Bartolomeu American Pale Ale foi almejado um novo patamar.
Em trocas de e-mails com meu irmão eu havia sugerido uma Stout, não obstante ele sugeriu uma Porter. Pá pum pei ! Esta foi a escolhida.
Após alguns dias de pesquisa da receita, peguei a receita do saudoso canal Cerveja Fácil (https://www.youtube.com/watch?v=0HSNRtezL8g) e adaptei para 20 litros. Ficou assim:
- 4,4kg Best Pale Ale
- 400gr Best CaraMunich III
- 300gr Best Chocolate
- Mostura em 68 graus
- Fervura
- 20g Lúpulo Challenger @ 60min
- 20g Lúpulo Challenger @ 10min
- Fermento S-04
Fui a casa de minha mãe, pois lá é o quartel general dos equipamentos, e analisei os equipamentos. Para evitar o acidente do chiller de imersão, que aconteceu na brassagem #1, ele foi entortado para que suas pontas ficassem suspensas e não tivessem contato com o líquido. Com isso, ficou bem mais fácil manuseá-lo. Sim ! Minha mãe Engenheira Bricoleira MacGyver me ajudou nessa empreitada. Imagina ! Mãe ajudando o filho a fazer cerveja ! Esse novo milênio me surpreende.
Em seguida o desafio foi como usar o fogo, pois o primo domador de maçarico não estava presente. Após algums momentos de neurônios queimados, decidimos usar o fogão do meu tio, pois esse fogão possui uma quinta boca central mais potente. Pedimos a autorização e ela foi concedida.
Foi dado o inicio à quest.
Como sempre há problemas, o dito cujo não demorou muito para aparecer. Esquentar 20 litros de água no fogão, mesmo com a quinta boca over power não surtiu efeito. Foi preciso esquentar água em panelas, bocas, separadas, para depois consolidar tudo no caldeirão. Demorou, mas a situação foi contornada.
Era o nascimento do malte, mosto cervejeiro.
Após a mostura, foi necessário, novamente, esquentar água separadamente e depois adicioná-la ao caldeirão para fervura. Chegar aos 100 graus foi demorado, mas depois de muita persistência a temperatura foi alcançada.
Com a alquimia cervejeira acontecendo, foi o momento da separação e adição do lúpulo.
Sim ! Eu estava tomando uma Caracu, uma Stout brasileiríssima que só descobri nesse dia lendo as letras miúdas do rótulo.
Após o período de fervura, é chegada a hora do resfriamento.
A solução do entortamento do chiller teve o seu sucesso comprovado. Zero acidente.
Com o líquido resfriado, foi efetuada a trasfega, que significa trasferir o líquido de um recipiente para o outro. O outro, no caso, foi o fermentador.
Passado o tempo de fermentação, que foi de uma semana em temperatura ambiente, nessa receita foi feita a maturação. Ou seja, foi feito uma trasfega, para descartar o trub, sedimento decantado, da fermentação, para iniciar a maturação, que consiste em uma "segunda fermentação" em temperatura mais baixa afim de decantar, ainda mais sedimentos e clarificar.
Para a maturação foi utilizado um freezer comercial com controle de temperatura, um termostato digital.
O freezer estava "encostado", sem uso, em uma sala de fundo da garagem do meu tio. Apesar o difícil acesso, e após a devida autorização, ela foi utilizada.
Durante o período de fermentação e maturação, os rótulos foram confeccionados. Como eu havia escolhido o nome da cerveja anterior, o nome dessa ficou sob a tutela do meu irmão, que decidiu por Foffs. Uma auto homenagem a ele mesmo.
Após o envase, seu registro.
A Foffs, fofuramente dizendo, ficou sensacional. O perfil sensorial das notas de chocolate e café foram a surpresa. Pois sem colocar nem chocolate e nem café ela ficou com essas notas. Foi com essa receita que descobri como os grãos maltados podem exercer esse tipo de influência sensorial.
Informações técnicas:
- Original Gravity (OG): 1052,2
- Final Gravity (FG): 1019,4
- Alcool by Volume (ABV): 4,33%